Existe uma história contada por Platão onde ele apresenta dois personagens principais em uma conversa “O mito da caverna”. E na história, Sócrates (o principal) fala para Glauco (outro personagem) imaginar uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância.

Com as mãos amarradas em um muro, eles podem ver somente as sombras que são projetadas na parede que está à frente. E do outro lado do muro tem uma fogueira, e outros homens (livres), passam e fazem gestos, colocam objetos para formar sombras, que acabam sendo tudo que aqueles prisioneiros conhecem sobre o mundo em que
vivem. 

A história continua e um dos prisioneiros que lá estava foi liberto, consegue sair da caverna, e a princípio a luz ofusca um pouco sua visão, mas depois ele vai se acostumando e através da sua saída ele conhece a verdade sobre o mundo, e viu que as sombras eram apenas uma imagem distorcida sobre a realidade (...).

Essa história nos ensina duas lições:

• A saída da caverna: sair da caverna significa buscar o conhecimento verdadeiro.
• A luz solar: a luz, que ofusca a visão do prisioneiro liberto e o coloca em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro.

Existem três histórias na Bíblia semelhantes a essa criada por Platão.

A primeira é de Davi na caverna de Adulão:

Davi fugiu da cidade de Gate e foi para uma caverna perto da cidade de Adulão.
Quando os seus irmãos e o resto da família souberam que ele estava lá, foram ficar com ele. E todos os homens que estavam em dificuldades, ou com dívidas, ou insatisfeitos também foram, e Davi se tornou o chefe deles. Havia com ele mais ou menos quatrocentos homens. Aí Davi saiu dali, foi para Mispa, em Moabe, e disse ao rei daquele país: — Por favor, deixe que o meu pai e a minha mãe venham para cá e fiquem com você até que eu saiba o que Deus vai fazer por mim. Davi deixou os pais com o rei de Moabe, e eles ficaram ali enquanto Davi esteve escondido na fortaleza. O profeta Gade foi para o lugar onde Davi estava e disse: — Não fique aqui (outras versões; não fique nesse lugar seguro).

Vá logo para a terra de Judá.

1 Samuel 22:1-5

Davi estava sendo perseguido por Saul, e foi até uma caverna chama “Adulão”, que significa, refúgio. E ali Davi encontrou homens que se juntaram a ele. Não eram os melhores homens, mas estavam dispostos a continuar ao lado de Davi. Então Davi sai dessa caverna e vai um pouco mais a frente, e, um profeta fala para ele ir até Judá e não continuar mais em uma zona segura.

O que isso tem a ver? Vou te dizer.

Muitas vezes passamos muito tempo em um processo, ou até em uma situação das nossas vidas.
E acabamos nos limitando ao lugar que estamos. E ignoramos a voz do Senhor para avançar e ir além!

Na nossa história do mito da caverna, o personagem que achou a saída da caverna, tinha duas opções, libertar seus amigos que ainda viviam no escuro e na sombra da realidade presente, ou conduzi-los para o que era real! Davi ao escolher avançar, levou junto dele os homens e a família dele que passaram a segui-lo.

Jesus é a nossa luz! É aquele que dissipa as trevas.

Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem
me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
João 8:12

Ao contato com a própria luz as trevas são dissipadas. Nossa ignorância é deixada para trás. E o que antes era apenas uma sombra da realidade, uma vida vazia, sem luz e cheia de trevas, é exposta ao verdadeiro sentido e capacidade de visão e compreensão do porquê existimos.

Assim aconteceu ao Apóstolo Paulo na sua conversão. A luz irradiou seus olhos, já não mais ignorante, agora em contato com a verdadeira Luz, o sentido de sua existência enfim foi revelado e compreendido. E fugir agora seria uma completa tolice.

E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.

Atos 9:3-6

Após sermos apresentados ao verdadeiro evangelho, e após o contato com Cristo, aquele que nos transforma, tira a cegueira e nos traz até a luz, não podemos mais fingir ser ignorantes àquilo que fomos comissionados a fazer e ser. Não podemos mais esconder que após o contato com essa luz, não somos mais os mesmos.

O que deve ser feito é o cumprimento do próprio IDE, a apresentação do real motivo da nossa esperança, é avançar e não mais olharmos para as limitações que nos aprisiona, nem correntes nos aprisionando a ver o mundo de maneira limitada.

Quero trazer um último exemplo. Elias depois de um tempo se encontrou em um estado de desânimo. Ele viveu os milagres feitos por Deus, foi um instrumento, mas deixou de olhar para a Luz que guiará o seu caminho, e se escondeu.

(...) caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do Senhor veio a ele e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? (...) E Ele lhe disse: Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento, que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e, depois do vento, um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; e, depois do terremoto, um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para a tirarem. E o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco. (...) Então, se levantou, e seguiu a Elias, e o servia.

2 Reis 18:8-21

Depois do Senhor chamar Elias novamente, ele entendeu que sua missão não envolvia se esconder e se apegar as paredes seguras de uma caverna. Tão pouco ficar longe dos riscos, da batalha, do medo...

O Senhor nos chama para o confronto, não será confortável, não será fácil. Vemos isso quando passamos um tempo no escuro e de repente alguém acende a luz ou a tela do celular acende.

Aquilo mexe com nossos olhos e gera um breve desconforto, porém logo conseguimos enxergar
e com ainda mais precisão.

Isso que o Senhor quer fazer conosco! Te convido a sair da caverna, a encarar a realidade, não fugir do combate, e deixar a luz iluminar o que você ainda tenta esconder.